quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Relato do parto da Beatriz

Demorou um pouco mas acho que hoje consigo fazer isso... O relato do parto da Bia. Os nove meses foram estressantes, mas o dia do parto eu achei tudo muito rápido.

No dia 25/01 fui a minha consulta com a Drª Silvia, comentei sobre a minha pressão ter ido a 14x10 e ela me aconselhou a fazer a cesariana naquele dia mesmo. Perguntei se não dava pra esperar um pouquinho, minha mãe tv na casa da minha irmã, em Vila Velha, queria que ela estivesse pelo menos por perto, pra dar umas dicas. Ela fez os exames de rotina e viu que estava tudo bem com a bebê, mas disse que do dia 29/1 não poderia passar... Pronto: marcado para dia 29/1, a noitinha... Mas eu deveria ir no consultório na terça a tarde...

Aquele final de semana foi horrível... Passei muito mal, parecia uma tartaruga pra andar... Que sensação insuportável! Um calor inexplicável, um cansaço, dor nas pernas, sentia como se estivesse pesando 200 kg!


Na segunda, dia 28/1 fui na empresa pegar guia de internação, essas coisas... Uma burocracia sem fim! Depois fui pra casa do meu pai, marquei com a manicure, meus cabelos já estavam escovados, encomendei uma torta salgada deliciosa pra comemorarmos o aniversário do "velho".Qd tudo terminou eu e o maridão fomos pra casa... Aí eu continuava me arrastando, não dormí quase nada aquela noite... Acordei toda hora pra urinar...
No dia 29/1, lá por umas 7:30 sentí a calcinha molhada e não entendí nada...Olhei e tinha um líquido espesso, parecia uma água com sabão, sem cheiro... O telefone tocou e o marido atendeu, era minha mãe. Assim que pude retornei a ligação e ela disse que esse líquido era o amniótico. Bom é que o parto ia ser aquela noite mesmo. Tomei uma vitamina e liguei pra minha médica pra saber se teria de ficar em jejum. Ela disse que eu poderia almoçar desde que fosse algo bem leve e depois do almoço nem beber água eu poderia. Almocei na casa dos meus pais, comidinha de mamãe, hummmm, que delícia! Voltamos pra casa, nos arrumamos e partimos pro consultório da minha médica. Ela disse que minha barriga tava muito dura, a verdade é que eu estava me sentindo super mal... Saindo da consulta fomos direto pro hospital, que era na rua ao lado. Internada, o quarto era particular, bonitinho até... A enfermeira mandou que eu tirasse toda a roupa, brincos, relógio e colocasse o roupão. Verificou minha depilação, tava ok, depois fiquei direto no soro. Minha médica chegou e disse que logo, logo eu iria para o centro cirúrgico... Acho que por volta de umas oito da noite vieram me buscar. Quando eu entrei percebi que o marido não entrou. Perguntei e a doutora disse que ele não poderia ver, pq o centro cirúrgico tava muito cheio, não engoli aquela. Ela sempre deixa ver... Achei algo estranho, qd percebi que além dela, o dono do hospital estava na equipe que iria me operar... Achei que tivesse algo a ver com isso. O anestesista perguntou se eu estava preparada pra colocar o queixo no joelho, eu respondi que era impossível, rs! Eu já estava preparada pra cirurgia, então uma assitente pediu que eu deitasse de lado, abaixasse a cabeça o máximo que eu pudesse e dobrasse os joelhos, nisso ela forçou bem atrás da minha nuca ao mesmo tempo em que juntava os meus joelhos, nisso o anestesista pediu que eu não me mexesse de jeito nenhum. Gente, é uma picadinha de nada! Dói menos que aquelas agulhadas do exame de sangue... Foi rápido. No início sentí como se estivesse tomando uns choquinhos de leve, depois não sentia mais nada, só via o povo mexendo em mim. Daí me viraram e qd percebí já tinha um pano dividindo aonde os médicos estavam e o meu rosto... Eu só via o anestesista, ele falava comigo o tempo todo. Ele disse que quando fosse nascer ele me avisaria e ia ter que dar uma empurradinha embaixo das minhas costelas pra ajudar. Não demorou muito pra acontecer. Ouví qd minha médica disse que ela era cabeluda, em seguida um chorinho fraquinha, logo depois chorou mais forte. Eram 20:28. Ela nasceu com 47 cm, 2,820g, APGAR 9 e dez minutos depois passou pra 10. Notei que a pediatra tv demorando (eu achei que ela estava me escondendo a minha filha), então perguntei: - "Minha filha tem seis dedos?" Aí ela respondeu, rindo, que tinha sim, nas duas mãos. Ela pensou que eu não soubesse disso, aí trouxe logo minha filha e eu notei que ela era a cara do pai! Meu Deus, como pode, eu carreguei esse tempo todo e ela não tinha nada meu!!! Levaram a baby pra encubadora, lá nesse hospital eles deixam um pouquinho, pode ficar de 2 até 4 horas, depende da criança.
Ouví o médico falando com minha doutora que Deus é maravilhoso, perfeito, que o meu parto foi o que realmente ele chama de parto normal, que a minha garotinha nasceu na hora certa, nem um minuto a mais nem a menos. Então parou do meu lado e disse que eu estava ótima, minha filha tb, que Deus cuidou de nós duas o tempo todo e que minha médica iria conversar comigo depois. Então ela me contou que eu estava mesmo em trabalho de parto, se eu estivesse em casa eu passaria mal naquela noite mesmo ou na madrugada. Só que embora houvesse contrações, já tinha dilatação, só que meu colo estava muito grosso...Porém eu tinha um descolamento de placenta e já tinha até um hematoma na minha placenta... Muito feia a placenta, ela me mostrou como é... Nojenta! Pois então, eu entraria num longo e doloroso trabalho de parto e quando eles detectassem o descolamento de placenta ou sofrimento fetal, a essa altura do campeonato eu já teria sofrido horrores, seria feita uma cesariana de emergência. Logo entendí porquê Deus teve misericórdia a vida da minha filha, nem digo da minha, acho que seria demais, falo por ela que é inocente, fofa, um anjo e que eu sempre pedi a Ele que ela não sofresse, que tudo fosse pra mim e Ele ouviu!
Fui pro quarto, o marido já estava me esperando com uma enfermeira. Ela disse que eu não deveria falar muito, minha cama não poderia ser levantada até que o efeito da anestesia passasse e eu não poderia sair da cama em doze horas. Percebi que eu estava de sonda e fraldão, coisa estranha. Eu estava com muito sono mesmo... Mas não conseguia dormir. Sentí um vazio. Era a Beatriz. Ela não estava mais comigo. Já estava fora da minha barriga, 37 semanas e 4 dias, sempre comigo e de repente ela estava no berçário, pensei em como ela estava, o que estava sentindo, eu tv agoniada. Parecia que o pai tv sentindo a mesma coisa mas não dizia. Estava preocupado comigo, achando que eu fosse me sentir mal depois que o efeito da anestesia passasse. Pareceu que passou uma eternidade até a Beatriz aparecer, dormindo. Logo em seguida veio uma enfermeira para me ensinar a forma correta de amamentar. O meu seio esquerdo não tinha bico, era difícil colocar na boquinha dela, ela sugava e depois soltava. A enfermeira disse que eu deveria insistir pois o leite empedraria se eu não desse. Nisso como eu só conseguia mexer as mãos, o marido era quem pegava a bebê e colocava no meu seio pra mamar. Depois de muito choro resolví dar o outro seio pra ela que mamava e dormia bem pouquinho. A noite toda ficou um entra e sai daqueles no meu quarto, elas aplicavam remédio no soro em que eu estava e outras vinham pra ver como estava a Beatriz. Umas seis da manhã a pediatra já estava lá. Explicou várias coisas, falou sobre amamentação tb. Comentou sobre a troca de fraldas, até aí era o pai quem tinha trocado, então ela deu uns toques pra ele como passar o lencinho pra não contaminar a vagina dela com fezes, falou pra não virar as costas pro bebê enquanto trocar as fraldas, deu os parabéns pq o jeitinho que ele pegava a Beatriz no colo todos os bebês gostam, ele fica com ela em pé, olha nos olhinhos dela e fica conversando, ela fica quietinha! Mais tarde meu leite tv um pouco mais forte e ela mamou bastante e apagou. Só que há cinco horas ela não acordava. Duas enfermeiras vieram pra mandar eu acordá-la e eu não conseguia, ela se espreguiçava e nada. Aí a pediatra voltou e deixou meu anjinho só de fraldinha, meia e a parte de cima do pagão. Aí ela gritou a beça e mamou. Ainda não tinha conseguido dar o seio esquerdo, eu teria que dar pq o outro já estava todo ferido. Aí entrou outra pediatra, lá da UTI Neonatal e ficou ajudando na amamentação, então deu tudo certo. Só que aquela noite a Beatriz chorou a noite toda de novo. Gritava muito, mamava e nada, eu já estava pirando. Entrou uma enfermeira, apertou meus seios, massageou e disse que a Beatriz estava com fome, que eu precisava descansar um pouco pra dar tempo de produzir mais leite, perguntou se eu aceitava que dessem Nan pra ela só pra ela se acalmar. Aceitei. Confesso que chorei, sei lá porquê, fiquei triste, até então desde o ventre eu alimentava minha filha e naquele momento uma chuquinha de Nan saciaria minha filha. Mamou e dormiu um pouco. Quando ela acordou eu já tinha leite. Ela mamou e dormiu mesmo. A pediatra veio dar a alta dela. Explicou como cuidar do umbigo, pra não colocar cinteiro de jeito nenhum, nem moeda, nada. Disse que eu iria achar a Beatriz um pouquinho chorona no início, mas nada que um bom colo, uma conversa e um tempinho pra ela se adaptar ao novo mundo não resolvesse. Logo depois eu estava de alta tb. Eu nunca tive gases, nunca sentí nada, tô ótima! Eu tinha uma idéia péssima da cesariana, tb estou cumprindo o resguardo na casa da minha mãe. Não faço nada. Só cuida da Beatriz. No terceiro dia eu já dava banho nela sozinha. Minha mãe ensinou como segurá-la e eu me sentí super segura. Quem acorda de madrugada sou eu. Ela mama de quatro em quatro horas. Chora de fome ou se estiver com cocô na fraldinha, fora isso dorme feito um anjinho. Fica acordada direto de oito até meia noite, depois dorme, acorda só pra mamar e trocar fralda.
Minha filha é um docinho! Um presente de Deus! E eu morria de medo de ser mãe, eu achava que não ia dar conta dela, que eu seria uma péssima mãe. Olho pra ela e vejo que ela está feliz com a família que tem, tá super bem cuidada, não acredito como eu sentia medo dela. Como a doutora disse pra mim: "Não falei que ia dar tudo certo?!"

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